Arquitectura: Francisco Vieira de Campos, atelier Menos é Mais Arquitectos Associados, Lda.
Localização: Peso da Régua, Portugal
Fotógrafo: Fernando Guerra
Luminárias: Soluções customizadas
“Com uma paisagem tão singular e deslumbrante como é a do Douro, todas as intervenções devem ser de um rigor extremo.
O nosso primeiro desafio foi o de realçar a identidade distintiva do projecto, respeitando sempre o enquadramento paisagístico.
Cada gesto tinha de ser incisivo, tinha de adaptar-se ao programa em questão, no entanto, tinha de conquistar uma expressão que valorizasse tanto o complexo construído, como a própria paisagem. O projecto de expansão da Quinta do Vallado englobava duas vertentes – produção e lazer – e um desafio adicional: o de manter e integrar os edifícios existentes no novo complexo, o qual tem claramente uma linguagem contemporânea.
Exigia-se grande precisão técnica para conseguir satisfazer todos os requisitos do projecto, no entanto, o resultado final revelou-se de uma enorme simplicidade, quer nos materiais utilizados, quer nas formas criadas. Conseguimos minimizar o impacto na paisagem e, com as mesmas economias de recursos, criamos espaços muito sedutores.
A sedução do visitante fez sempre parte do jogo (…). Dadas as características imponentes da paisagem, com uma arquitectura natural muito peculiar – Património Mundial – o Hotel Resort procurou endereçar a melhor forma de inserir um novo volume, estando ainda condicionado pela existência de um longo e imponente muro em xisto, o qual desenha uma curva acentuada no solo.
É sobre esta relação que incide a verdadeira tensão do projecto, entre o que existe e o que não existe, o confronto entre duas realidades, duas geometrias, duas épocas. O próprio programa de turismo vinícola cria uma restrição importante, tanto espacial como formal.
Os espaços foram desenhados em função das suas utilizações, da luz, das vistas e, acima de tudo, do bem-estar. A decoração do hotel invoca as tradições locais e a herança familiar dos seus proprietários – descendentes da lendária D. Antónia Adelaide Ferreira, “Ferreirinha” – através de fotografias e esculturas de familiares.
Sobre a construção, importa realçar as matérias primas – cimento e xisto – que definem a geometria de espaço e convidam para as qualidades sensoriais das suas superfícies.
Tornam-se a síntese e a temática deste novo hotel concluído em Março 2012”
Francisco Vieira de Campos, de Guedes + de Campos